sábado, 30 de abril de 2011

Energia atômica

 Energia atômica


 Efraim Rodrigues - efraim@efraim.com.br 
Eu era muito pequeno, mas me lembro do ministro nipônico assinando o contrato da usina atômica.
Depois, vieram à tona os vários riscos associados às usinas nucleares, e eu também fui me bandeando para o lado dos ambientalistas.
Neste meio tempo, para reforçar minhas crenças, aconteceram os acidentes de Three Mile Island, Chernobyl, e em Goiânia, o rompimento de uma cápsula com Césio 137, que mesmo não tendo nada a ver com usinas atômicas, é uma mostra de que tipo de cozido se faz quando se misturam os ingredientes falta de educação com radioatividade.
Mas agora os tempos são outros, não sabemos mais quem é de esquerda ou de direita, e tem até ambientalista reconhecido a favor de usinas atômicas.
Os argumentos a favor são que com os problemas climáticos todos, produzir energia a partir do átomo não coloca carbono na atmosfera, além de ser muito mais barato. Cada Kw/h produzido por energia atômica é quase três vezes mais barato que quando produzido em termoelétrica.
Afora a manutenção, usinas atômicas são construções caras. A última que entrou em operação nos EUA custou 7 bilhões de dólares. A Companhia de Energia de New Hampshire foi a única que quebrou depois da crise de 1929. Isto, por causa de ter se metido a construir uma usina atômica. Nos Estados Unidos, a viúva é pão dura, e não cobre orçamentos mal feitos.
Os engenheiros agora dizem que as usinas estão mais baratas, seguras e fáceis de construir. Dizem que Chernobyl tinha padrões de qualidade muito baixos, e que aquilo hoje não aconteceria.
Isto me lembra da cirurgia para curar miopia. A cada dois anos, eu ouço um entendido dizendo que agora os problemas estão todos resolvidos, com esta nova tecnologia...
Daí eu fico sabendo de problemas que nem conhecia, porque não haviam sido divulgados. Como saber se agora não há outros problemas escondidos ?
Eu me recuso a pensar que estamos OBRIGADOS a recorrer à energia atômica por falta de alternativa. Eu me recuso a aceitar que iremos nos arriscar nesta aventura para evitar os malefícios do carbono, sem considerar transportes coletivos, bicicletas e tantas outras coisas que nosso mundo precisa.
Acaba de sair uma pesquisa dizendo que 60% dos brasileiros são sedentários, estão se matando por preguiça. O outro lado, é que o resto, no qual me incluo, estão correndo bobamente por aí.
O governo tinha é que botar esta gente para virar um engenho qualquer, que substituísse a energia das usinas atômicas. Isto nos livraria delas, e também das academias, o outro grande mal moderno.
Ouça a coluna Som Ambiente na Rádio Bandeirantes, toda terça-feira, cinco horas e um pouquinho, emhttp://www.radiobandeirantes1120.com.br/pop_aovivo.htm
Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor do livro Biologia da Conservação, e nos fins de semana ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico.

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